segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Nutrição e exercícios físicos na prevenção de doenças

Por Dra. Ana Cristina Martins

Entre as dez principais causas de óbito na população mundial temos as doenças cardiovasculares (DCV) que são influenciadas por diversos fatores de risco. De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) os fatores mais evidentes são: tabagismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus, obesidade e dislipidemia (colesterol alto), conhecidas como Doenças Crônicas Não transmissíveis (DCNT), que podem ser evitadas ou amenizadas com mudanças no estilo de vida, dentre elas os hábitos alimentares. Estudos associam também o sedentarismo como um fator de risco. Em países desenvolvidos e em desenvolvimento, a redução da mortalidade cardiovascular, tem como estratégia a prevenção dos seus mais importantes fatores de risco por meio da adoção de hábitos saudáveis, especialmente aqueles relacionados com atividade física e dieta.

Recomendam-se uma alimentação variada com frutas, verduras e legumes, reduzir o consumo de sal e de gorduras saturadas, assim como também a ingestão de álcool. 

As fibras solúveis, presentes nos legumes, aveia, leguminosas (feijão, ervilha e lentilha) e em algumas frutas e as fibras insolúveis são encontradas nos grãos integrais, verduras e frutas. As fibras alimentares são benéficas nas DCV e controle da glicemia, assim como fator importante no controle de excesso de peso, pela saciedade que promovem. O sódio intrínseco encontra-se naturalmente nos alimentos e o extrínseco é o adicionado nas dietas, fator principal do aumento da pressão arterial, já as gorduras saturadas que são encontradas principalmente na gordura animal (carnes gordurosas, leite integral e derivado), é a principal responsável pela elevação do colesterol no plasma. Uma boa substituição são os peixes fonte de Omega 3, que promove a redução do triglicérides séricos e melhora a função plaqueta ria.

A atividade física (AF) regular é uma forte aliada no controle das DCNTs associadas a modificações na alimentação.

AF x dislipidemia – o exercício físico regular melhora o perfil lipídico a longo prazo e reduz as concentrações plasmáticas dos triglicerídeos.

AF x HAS – A atividade física regular exerce um papel terapêutico no controle da HAS.

AF x diabetes mellitus - recomenda-se atividade física moderada e atenção dobrada no controle da glicemia, especialmente no diabetes mellitus tipo 1, manter o equilíbrio entre as aplicações de insulina, dieta e exercícios é fundamental.  O exercício físico regular é benéfico no controle do diabetes mellitus, intolerância a glicose e resistência periférica a insulina.

AF x obesidade – o exercício físico regular e uma das formas mais eficaz de manter a perda de peso, além de ter um efeito benéfico nas co-morbidades da obesidade. O American College of Sports Medicine (ACSM), recomenda que indivíduos com sobrepeso e obesos, atinjam gradualmente no mínimo 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana, o que já traria beneficio a saúde.

Porém, existem importante diferenças entre atividade física para prevenção de doenças crônicas, para o tratamento de doenças e para o bom condicionamento físico, associada ao tipo, à frequência, à intensidade e à duração das atividades realizadas.

É de extrema importância o acompanhamento de um profissional da área (nutricionista e educador físico) para orientar a ingestão alimentar e atividade física adequada, desta forma, auxiliar na prevenção das DCNTs e manter uma vida saudável. Em relação à nutrição deve-se manter uma dieta balanceada, com todos os grupos de alimentos e não de grupos isolados, associados à atividade física regular, obtendo a qualidade de vida desejada.

“O indivíduo fisicamente ativo tende a ser mais saudável, com maior qualidade e expectativa de vida. A atividade física, o exercício físico e o esporte integram a abordagem médica para a prevenção das doenças cardiovasculares (DCVs)”.
 
Referências
1. Coelho CF, Burini RC. Atividade física para prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis e da incapacidade funcional. Rev. Nutr., Campinas, 2009; 22(6):937-946.
2. Nelson ME, Rejeski JW, Blair SN, Duncan PW, Judge JO, King AC,  et al. Physical Activity and Public Health in Older Adults:Recommendation from the American College of Sports Medicine and the American Heart Association. Med Sci Sports Exerc. 2007;39(8):1435-45.
3. Sociedade Brasileira de Cardiologia • I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular ISSN-0066-782X • Volume 101, Nº 6,Supl. 2, Dezembro 2013. Disponível em http://www.arquivosonline.com.br
 
Dra. Ana Cristina Martins é Nutricionista e pós graduada em nutrição clínica pela UNIFESP