Por Mauro Viana
Nos dias atuais, é comum ver na mídia cenas de violência no mundo dos esportes, entre torcedores e até mesmo entre atletas. A atitude de um ou mais atletas na presença do público pode ser um fator de relevância para comportamentos agressivos e de total repugnância da sociedade e muitas vezes até de integrantes das equipes e torcidas. O confronto físico é inevitável em alguns esportes, pois integram vários tipos de competição que envolve força física, mas em muitos casos, o confronto físico competitivo extrapola as linhas da competição e invade a emoção dos torcedores e se torna agressão. Mas, por que a cada dia ficam mais comum estas atitudes em eventos que o objetivo é a diversão? Quem é o público do espetáculo esportivo que transgride as relações humanas e éticas?
Para a psicologia, a agressão se define como qualquer forma de comportamento direcionado a outro ser vivo objetivando lesionar ou machucar. Este comportamento físico ou verbal não apresenta uma atitude ou emoção, e sim, lesão, seja física ou psicológica.
Alguns teóricos, parte do princípio que a agressão representa um instinto inato, espontâneo e cumulativo, ficando o organismo com uma grande carga de energia agressiva, já outros, tem como hipótese, que vivências de fracasso provocam agressão, isso não quer dizer que frustrações sempre provocam agressividade, sendo apenas uma reação possível. Ainda é um tema controverso se esse comportamento de causar danos em outro indivíduo é devido à existência de um instinto. E, por fim, podemos citar a teoria da aprendizagem social, que enfatiza que o comportamento agressivo é aprendido e adquirido pela observação de comportamentos agressivos e imitação de modelos agressivos, assumindo o padrão de um grupo.
No esporte há uma tentativa de contenção das agressões através de regras que existem para manter as práticas sob controle, buscando uma diminuição dos níveis de violência. As ondas de violência são configuradas por grupos de pessoas que têm frustrações recíprocas e assumindo como natural o fato da violência por causa de sua equipe, sendo agressão física ou simplesmente verbal, trazendo danos físicos ou psicológicos.
A agressão mais comum hoje no mundo esportivo vem das torcidas organizadas de futebol, que muitas vezes, estas estão em campo apenas para contemplar o espetáculo com violência. Muitos integrantes dessas torcidas vão ao estádio torcer pela sua torcida organizada, deixando em segundo plano a equipe, o time, pois sempre há um espetáculo à parte, fora do campo, ou nas arquibancadas, chamando a atenção da existência e para auto-afirmação de alguns dos seus integrantes, que são jovens, em sua maioria, vestindo camisetas que exaltam apenas sua torcida, ficando segundo plano da emoção pelo seu time. Mas há um trabalho de conscientização por parte das federações em busca da paz, que tem surtido pouco efeito, pois é sabido que o futebol em si só não é uma prática esportiva violenta, embora haja práticas de violência dentro e fora do campo.
Mas afinas, o que a psicologia do esporte poderá fazer para minimizar a ação de vandalismo das torcidas e agressão de esportistas?
Para a torcida, fica um pouco distante uma solução psicológica para os agressores, pois as mesmas entram em um estado de excitação formando um único corpo coletivo que causa uma situação de agressão, muitas vezes, culpando agentes externos por seus comportamentos, tais como:
Importância do jogo
Nível de rendimento da partida
Placar do jogo
Comportamento do árbitro
Comportamento dos técnicos
Capacidade versus Quantidade de torcedores
Mas algumas medidas de orientação podem ser tomadas quanto aos torcedores, que podemos citar algumas, como:
Trabalhar socialmente com grupos agressores
Motivar torcedores para atividades físicas
Controle estrito sobre bebidas alcoólicas
Para os atletas, técnicos e árbitros, a psicologia do esporte tem um papel importante na contenção das agressões, com um trabalho direcionado poderá diminuir os estímulos agressivos dos participantes, que podem ser:
Reduzir a pressão em atletas jovens
Punir administrativamente os agressores
Os técnicos deverá ter consciência dos valores humanos e éticos.
Os árbitros devem sancionar todas as violações nas regras
Os árbitros devem ter um comportamento mais equilibrado
E os organizadores, como federações e administração dos estádios ou locais de competição, devem ter um relacionamento estreito com a imprensa, de forma que possa evitar o sensacionalismo e dramatização dos eventos, para não incentivar tais condutas negativas.
Tanto atletas, treinadores e árbitros, devem aprender e respeitar os princípios éticos, regras esportivas e principalmente a saúde dos competidores, pois faltando algum desses três elementos não há espetáculo. E que busquem com seus dirigentes profissionais qualificados para trabalhar o fator emocional e as relações interpessoais para que tenham um comportamento tranqüilo e controlado tanto dentro como fora das linhas do jogo, dando exemplo para a torcida, pois a maioria quer ver apenas o espetáculo dos atletas. A torcida tem uma influencia real sobre os atletas como estes também são influenciadores.
Equipes acompanhadas por profissionais da psicologia do esporte terão apenas como objetivo conseguir todas as metas traçadas e chegarão a uma alta performance, próxima do limite máximo em função dos seus torcedores.
PAZ NO ESPORTE!
