segunda-feira, 5 de julho de 2010

Dunga, muito prazer: Psicologia do Esporte!

Há dez anos que escrevo para este jornal alertando sobre a importância do treinamento psicológico no futebol e em todas as demais modalidades esportivas. Há quase vinte, pesquiso e atuo dentro desta nobre ciência.

Na última década, foram várias as catástrofes que poderiam ter sido evitadas se os dirigentes e treinadores deste país considerassem o lado emocional como um fundamental divisor de águas entre uma performance de sucesso e um desempenho pífio.

Fomos eliminados da Copa do Mundo por conta de vários erros – quase sempre ligados aos fatores comportamentais, motivacionais, emocionais e psicológicos.

Nosso treinador cometeu alguns erros capitais e, certamente, sua conduta merece críticas – mesmo que elas incomodem um pedaço deste país.

*Badalação e clausura : compensação equivocada*

Na Copa da Alemanha (e antes dela), as festas na concentração brasileira eram constantes. Por conta disso, Ricardo Teixeira contratou um disciplinador para colocar ordem na casa. O técnico comprou a idéia do chefe e exagerou na dose. Prendeu os atletas dentro do hotel, não deu folga e elevou ainda mais a tensão psicofísica dos jogadores. O problema, amigos, é tentar corrigir os erros anteriores utilizando posições absolutas e diametralmente opostas às condutas passadas. Desta forma, jamais conseguiremos criar um sistema de convivência e dinâmica de grupo de acordo com o perfil de nossos atletas - atendendo, assim, as demandas coletivas de uma forma equilibrada.

*Felipe Mello: crônica de um desequilíbrio anunciado*

O Brasil inteiro temia pela falta de equilíbrio psicológico e emocional do Felipe Mello (jogador que ganhou o troféu de pior atleta estrangeiro na Itália no ano passado – e, na Copa, o homem de confiança de Dunga). Não precisa ser psicólogo esportivo, nem guru, para prever este fato lamentável. Quando mais precisamos de equilíbrio e sobriedade, Felipe Mello cravou as travas de sua ignorância e falta de equilíbrio nas coxas do holandês e se mandou para o vestiário (e para bem longe da nossa Seleção).

*Psicologia do Esporte no futebol é tabu no Brasil*

Seleções muito menos renomadas levaram departamentos de Psicologia Esportiva ao Mundial – trabalhos estes que foram iniciados dois anos antes do torneio. O que dizer da raça dos Estados Unidos – lutando contra resultados adversos, arbitragens polêmicas e sempre, com força e tranqüilidade, mantendo o padrão técnico e buscando os resultados? No Brasil, a Psicologia Esportiva no futebol ainda é sinônimo de loucura – isso quando não se ouve por aí que “é coisa para gente frouxa” (!?). As provas do delito da ignorância, falta de cultura, truculência e desequilíbrio finalizaram a Era Dunga mais uma vez! Espero que tenha sido a última!

*Dunga e seu último Ato (dito, ditado e ditatorial)*

O treinador convocou os atletas pensando que disputaria a Copa América. Muita convicção e coerência gera cegueira técnica e falta de senso de realidade. O que teriam feito nesta Copa o Ganso, Ronaldinho Gaúcho, Neymar, André Santos e tantos outros atletas que o treinador fez vista grossa?

*Por fim, o fim com a cara do treinador*

Praticamente todos os treinadores – com exceção do técnico da França e Itália, ficaram no campo ao lado de seus atletas para dar um apoio e demonstrar força e companheirismo. O que fez o Dunga? Correu pro vestiário e deixou o abalado Julio César dar uma entrevista visivelmente emocionado e triste (aliás, este é um sujeito de fibra e não merecia ter esta experiência sinistra). Os jogadores de Dunga ficaram deitados no gramado enquanto o sujeito se mandou – quase que sorrateiramente - para o túnel de acesso aos vestiários.

Isso é prova de que, na base da força, falta de sensibilidade, coerência (técnica, humana, emocional e situacional) – ninguém pode ser campeão do mundo. O Dunga – em tempo algum – soube ou deu provas de saber – que a Seleção Brasileira é muito maior que seu orgulho, presença, vaidade e comportamento autoritário (como se fosse o dono do pedaço). Afinal, insegurança e fragilidade emocional tem limite!

*Mais uma lição (até quando?)*

Que fique mais esta lição para os dirigentes do futebol brasileiros. Treinadores locais, cartolas e todos aqueles que insistem em não reconhecer o valor de um trabalho psicológico sério, preventivo e competente. Chega de levar oportunistas para dar palestras antes das partidas. O povo brasileiro merece respeito e nosso futebol, aos poucos, entra numa fase de desmoralização perigosa no cenário internacional. Minhas condolências aos desequilibrados (e alguns, esforçados) meninos da Seleção.

Quanto ao Dunga – o adeus final com as cumprimentos de uma ciência que ele desconhece e, assim, sumariamente ignora.