Por Mauro Viana
As academias de ginásticas estão a cada dia sendo mais procuradas por pessoas preocupadas em fazer uma atividade física, com objetivos não tão comuns. Alguns querem esculpir o corpo a qualquer custo, outros para socialização, por uma relação interpessoal e em um número pequeno aqueles que buscam apenas por prazer, mas este numero de pessoas preocupa, pois, mesmo em pequena quantidade, é crescente, podendo ter consequências psicológicas sérias.
Comumente vermos pessoas correndo na rua, nas calçadas, entre os carros, e esta atividade física é bem popular, pois é de baixo custo, precisando apenas de um par de tênis, uma camiseta e um short adequado, poucos desses “atletas” buscam uma alta performance, a maioria correm por prazer.
É indiscutível a quantidade de benefícios que a atividade física traz para os praticantes, como a melhora na saúde e na qualidade de vida, mas quando o indivíduo estiver fazendo algum exercício apenas por prazer, pode-se estar diante de um dependente de exercício físico. Daí a importância de toda atividade física, seja na academia ou ao ar livre, ser acompanhada por um profissional qualificado para cuidar do fator emocional concomitante com o profissional de educação física.
Existe competições que os participantes tem que percorrer grandes distâncias, sempre no limite do corpo e da mente, buscando sempre atingir menores tempos ou maiores percursos, mesmo com consequências futuras graves, como exemplo:
- Triatlo de Longa Duração
- Ultramaratomas
- Travessias em mar aberto
O Iroman, ou seja, triatlo de longa duração, com 3800 metros de natação, 180 quilômetros de bicicleta e mais uma corrida de 42,2 quilômetros [e uma dessas competições que mais crescem nestas modalidades de ultra-expores e seus participantes precisam de uma pratica excessiva de exercícios para poder competir. Essa pratica tem preocupado os estudiosos em fisiologia do exercício como também os psicólogos do esporte e do exercício físico, pois poderá causar uma dependência crônica em exercício físico.
O Centro de Estudo em Psicobiologia do Exercício, da UNIFESP, identificou em uma pesquisa que 28% dos atletas brasileiros profissionais ou recreacionistas são viciados na prática de exercícios. O ser humano sempre busca novas condições para mudar a rotina, e muitas vezes com a dependência de substancias psicoativas, para provar o “novo”, o irreal. Semelhante ao que ocorre com a dependência de álcool e drogas, alguns individuas apresentam dependência em outras atividades, como: Jogos, compulsividade para comer chocolate, praticar atividade sexual e atividades físicas.
Para considerar um praticante de atividade física como dependente é necessário observar as propriedades reforçadoras para esta atividade (positivas ou negativas), que pode ser um transtorno de imagem corporal, vigorexia (pessoas que querem ganhar cada vez mais massa), também chamada de anorexia reversa, que atinge mais o sexo masculino, entre outros fatores.
Pode-se observar alguns principais indícios de que o exercício se tornou um vício, como:
- Estreitamento de repertório, preocupação excessiva com o corpo ou alimentação
- Perda de interesse social por causa do treino
- Opção de treinar mesmo com ambiente desfavorável
- Comportamento compulsivo.
Como sintomas psicológicos pode-se citar:
- Aumento da ansiedade
- Crises de depressão
- Irritabilidade
- Diminuição do tempo de sono
- Diminuição do vigor
- Entre outros
E como sintomas fisiológicos, há:
- Aumento da fadiga
- Baixa do sistema imunológico
- Alterações hormonais
- Aumento da tolerância (necessidade de mais sessões de treino para obter o mesmo resultado)
- Crises de abstinência
É sabido que o exercício físico regular e moderado pode acarretar diversos benefícios tanto na esfera física quanto mental do ser humano, proporcionando uma melhor qualidade de vida.
Portanto, ministrado ou executado de maneira equivocada e sem acompanhamento de um profissional qualificado, pode alterar negativamente o nosso comportamento e como resultado poderá prejudicar o desempenho físico e cognitivo.
