segunda-feira, 21 de setembro de 2015

LUCRO OU TÍTULOS?

 Por Tarso Rocha

Os clubes esportivos para seus torcedores vivem pelos seus títulos alcançados. Entende-se que quanto mais títulos os clubes ganham, mais torcedores eles alcançam como seguidores.
 
Na revista Exame nº 10 de 2015, foi publicado que um clube possuía uma dívida com o governo federal de quase 400 milhões de reais, apesar de possuir muitos títulos conquistados e de “arrastar” uma torcida gigantesca aos estádios. Porém, esta entidade passaria a ter suas finanças administradas por um economista.
 
O resultado inicial é que as receitas foram aumentadas de 190 milhões para 327 milhões de Reais, deixando-o em primeiro lugar no Brasil, isso, mesmo sem considerar as receitas com a venda de jogadores, e seu lucro, dois anos após a assunção do economista, foi de 64 milhões de Reais, sendo o maior da história brasileira na área futebolística. Um clube que nos dois anos anteriores teve 20 e 62 milhões de Reais em prejuízos.
 
Este, que era um clube dos mais visitados por oficiais de justiça levando seus ativos para saldar dívidas judiciais, conseguiu sanear suas finanças com um plano baseado em cortar custos, renegociar e pagar as dívidas. Essa profissionalização da administração passou pelo planejamento e organização contábil e financeira.
Como consequência, a imagem do clube melhorou e outros patrocinadores foram atraídos e mais um recorde foi atingido com patrocínios na camisa em torno de 90 milhões de Reais. De 600 processos trabalhistas, agora só restam 80.

O mestre em contabilidade Marke Geisy disse em sua dissertação que: “Talvez, o grande problema de um clube de futebol seja a dependência do resultado financeiro perante o resultado esportivo de uma temporada. No caso, as equipes devem tentar de alguma forma minimizar esta dependência, com uma gestão mais profissional, tomando como base a eficiência da utilização de recursos.”
 
Um dos dirigentes do clube disse que seria muito difícil manter a recuperação financeira caso o time, por exemplo, fosse rebaixado.  Ou seja, a pressão pela vitória ou títulos é muito maior do que pelo saneamento das finanças. Um clube vive para ganhar, e não para dar lucro, é o que foi publicado nesta revista citada.

Outro exemplo é o Corinthians que em 2012 venceu Libertadores e Mundial, e se viu com títulos e com um faturamento de 328 milhões de Reais, e por isso, achou que poderia abrir mão de uma gestão financeira, e passou a esbanjar dinheiro, e consequentemente desclassificações começaram a acontecer em campeonatos, queda no faturamento em 33% e salários começaram a ser atrasados.
 
Com todas estas constatações, pode-se entender que o ideal é a busca de um equilíbrio entre o ganho de títulos, mas alinhado a uma boa gestão financeira e administrativa, e só desta forma há a possibilidade de crescimento, ou pelo menos continuidade de um clube.
 
Leia as próximas colunas para juntos discorremos mais sobre contabilidade e finanças.
 
Abraços e até mais!
 
                                                                                                                             Tarso Rocha é Graduado em Ciências Contábeis pela UFRN,
        Pós-graduado em Controladoria pela FECAP, 
Mestre em contabilidade pela UNB/UFRN/UFPB, 
 Atualmente leciona no curso de Ciências Contábeis do UNIFACEX em Natal/RN.