Os clubes esportivos para seus torcedores vivem
pelos seus títulos alcançados. Entende-se que quanto mais títulos os clubes
ganham, mais torcedores eles alcançam como seguidores.
Na revista Exame nº 10 de 2015, foi publicado que
um clube possuía uma dívida com o governo federal de quase 400 milhões de
reais, apesar de possuir muitos títulos conquistados e de “arrastar” uma
torcida gigantesca aos estádios. Porém, esta entidade passaria a ter suas
finanças administradas por um economista.
O resultado inicial é que as receitas foram
aumentadas de 190 milhões para 327 milhões de Reais, deixando-o em primeiro
lugar no Brasil, isso, mesmo sem considerar as receitas com a venda de
jogadores, e seu lucro, dois anos após a assunção do economista, foi de 64
milhões de Reais, sendo o maior da história brasileira na área futebolística.
Um clube que nos dois anos anteriores teve 20 e 62 milhões de Reais em
prejuízos.
Este, que era um clube dos mais visitados por
oficiais de justiça levando seus ativos para saldar dívidas judiciais,
conseguiu sanear suas finanças com um plano baseado em cortar custos,
renegociar e pagar as dívidas. Essa profissionalização da administração passou
pelo planejamento e organização contábil e financeira.
Como consequência, a imagem do clube melhorou e
outros patrocinadores foram atraídos e mais um recorde foi atingido com
patrocínios na camisa em torno de 90 milhões de Reais. De 600 processos trabalhistas,
agora só restam 80.
O mestre em contabilidade Marke
Geisy disse em sua dissertação que: “Talvez, o grande problema de um clube de
futebol seja a dependência do resultado financeiro perante o resultado
esportivo de uma temporada. No caso, as equipes devem tentar de alguma forma
minimizar esta dependência, com uma gestão mais profissional, tomando como base
a eficiência da utilização de recursos.”
Um dos dirigentes do clube disse que
seria muito difícil manter a recuperação financeira caso o time, por exemplo,
fosse rebaixado. Ou seja, a pressão pela
vitória ou títulos é muito maior do que pelo saneamento das finanças. Um clube
vive para ganhar, e não para dar lucro, é o que foi publicado nesta revista
citada.
Outro exemplo é o Corinthians que em
2012 venceu Libertadores e Mundial, e se viu com títulos e com um faturamento
de 328 milhões de Reais, e por isso, achou que poderia abrir mão de uma gestão
financeira, e passou a esbanjar dinheiro, e consequentemente desclassificações
começaram a acontecer em campeonatos, queda no faturamento em 33% e salários
começaram a ser atrasados.
Com todas estas constatações, pode-se entender que
o ideal é a busca de um equilíbrio entre o ganho de títulos, mas alinhado a uma
boa gestão financeira e administrativa, e só desta forma há a possibilidade de
crescimento, ou pelo menos continuidade de um clube.
Leia as próximas colunas para juntos discorremos
mais sobre contabilidade e finanças.
Abraços e até mais!
Tarso Rocha é Graduado em Ciências Contábeis pela UFRN,
Pós-graduado em Controladoria pela FECAP,
Mestre em contabilidade pela UNB/UFRN/UFPB,
Atualmente leciona no curso de Ciências Contábeis do UNIFACEX em Natal/RN.