quinta-feira, 24 de junho de 2010

O descontrole emocional de Dunga

Amigos, foi com bastante tristeza (e vergonha) que acompanhei a reação do Dunga na coletiva internacional após a vitória diante da Costa do Marfim. Não vou entrar no mérito da disputa entre a Rede Globo e o treinador. Até porque, apesar dos milhares de pesares, devemos priorizar algo maior que ambas as partes: a torcida brasileira e sua devoção pela nossa Seleção.
Por outro lado, a agressividade do técnico revela que ele ainda carrega mágoas de momentos da história futebolística nacional em que passou de vilão (Copa de 90) a herói (Copa de 94). Ainda assim, nada justifica o destempero do comandante da equipe mais vencedora de Mundiais em todos os tempos diante das lentes do mundo. Não será com mágoa, ódio, raiva e desequilíbrio emocional que uma Copa será vencida. Até porque (isso já é jornal velho), sabemos que o Jorginho é o grande responsável pela área técnica da Seleção. O Dunga apenas responde ao Ricardo Teixeira e seus homens. O lado operacional tático e técnico do Brasil está totalmente nas mãos do auxiliar.
 
O que mais me preocupa neste imbróglio é a repercussão que o fato pode gerar dentro da própria equipe. Assisti uma entrevista do Kaká em que estava visivelmente impaciente e pouco centrado. Fato nada comum em se tratando de um atleta sempre calmo e solícito.
 
Qual exemplo de liderança que Dunga passa a seus atletas se comportando desta maneira? Sua personalidade – amplamente estudada e analisada por um psiquiatra antes da Copa – dá mostras explícitas de insegurança e necessidade quase obsessiva de controle. Afinal, deixar os atletas enclausurados na concentração pelo simples temor deles se encontrarem com a imprensa não me parece uma atitude de um treinador que tenha confiança no seu comando e administre bem a relação com os jogadores.
 
É preciso deixar claro que nenhum técnico na história do futebol brasileiro conseguiu unanimidade nacional. Afinal, o jargão dos 190 milhões de treinadores brasileiros nunca foi tão citado como atualmente. Felipão e Zagallo bateram de frente com a opinião pública, mas nem por isso faltaram com respeito em coletivas nacionais e internacionais. Afinal, roupa suja se lava em casa. Se a Globo insistiu em entrevistas exclusivas com jogadores brasileiros, onde está a assessoria de imprensa da CBF para colocar um ponto final nesta tempestade sem tanto alarde e amadorismo?
 
Afinal, o que esperar de uma confederação que não valoriza o trabalho psicológico, convoca jogadores de marca e grife famosas, desfila vaidade, melindres e só angaria antipatizantes por onde passa?
 
A repercussão interna deste fato? Imagine o amigo dentro de um avião – para o vôo mais importante de sua vida. Subitamente o piloto começa a gritar, xingar seus comissários e aeromoças. O que você irá sentir e pensar?
 
Dunga: está na hora de você esquecer sua fase de jogador e compreender que virou técnico antes que toda população apague da memória as conquistas recentes da Seleção e te pegue para Judas por mais dez anos. Fico impressionado com a falta de treinamento, supervisão, conhecimento e conduta profissional de toda cúpula da CBF.
 
Um líder (de verdade) demonstra sabedoria e cautela antes de partir para as armas. Ninguém deu o livro “A arte da guerra” para ele ler? Talvez tenha faltado este item em seu repertório fashion.