Futebol e a superioridade da filosofia Alemã
Por
Mariano Soltys
Foi
positivo. Pensamos em reforma do nosso futebol e comparamos com a
qualidade europeia, revendo nossos conceitos e combatendo a corrupção
esportiva. Vejo isso como um processo de renovação ética, mais do
que ética: mas cultural. No país do “jeitinho” de burlar a lei,
de estádios super-faturados, de jogadores que não pensam duas
vezes, ao se vender a times estrangeiros – fiquei feliz. Estou
otimista. Desde aquele Santos x Barcelona, percebi a qualidade da
estratégia dos europeus, frente a um futebol atrasado. Times
brasileiros chegaram a nem ir em frente na Libertadores, e mesmo
perderam para times africanos em outros campeonatos mundiais. Fato é
que esse 7x1 da Alemanha foi a gota d'água da mudança. E essa
mudança é ética, e mostrou a superioridade da filosofia alemã, de
sua ética e de um processo de país que passou por guerras, por
erros e acertos. Fico feliz porque começa a mudança, e só tende a
melhorar. O futebol brasileiro de tempo já anda em decadência.
Outras copas o provaram, como em 2006 e 2010. A justiça venceu,
mesmo que por meio severo.
Há
anos eu já escrevia sobre o futebol em meu livro Crítica da Moral,
e entre outros assuntos, como ética e costumes, me veio a seguinte
reflexão: “Futebol: É interessante a compulsão de alguns homens
pelo futebol e de torcer violentamente em prol deste (uma forma de
lutar sem lutar ou de usar do testosterona...) e de colaborar com o
“esporte” (ou melhor, marketing esportivo) onde se encontram
previamente as cartas marcadas. Acredito que o ódio faça parte do
amor, por isso vejo em nós homens tal destino primitivo. Vemos
também nesse esporte uma forma de êxodo nacional, onde jogadores
vendem sua alma para jogar no exterior, tudo isso pelo "Deus" dinheiro.
Após a decadência, esses mesmos jogadores retornam ao seu país de
origem para jogar entre aqueles que tanto “estimavam”, mesmo que
por menos dinheiro. Não se precisa explicar muito, e sabemos que
hoje as coisas mudaram muito no futebol. Menos aqui. Acham que podem
vencer com peso da camisa, sorte entre outros mitos.
A
seleção do Brasil já vinha na sorte desde o começo, e achava eu
que nas eliminatórias, se jogasse, nem se classificaria. Pois bem.
Fomos até bem na copa, com o time que tínhamos. Sem atacante, sem
novo goleiro, com time parecido com o de 2010. Uma pessoa disse que
nosso time é inferior ao de 2010, acho que um técnico estrangeiro.
Ele acertou. Não convocamos Kaká, nem Robinho, nem Lucas, e tantos
outros. Qualquer um que entendesse de futebol via que essa seleção
não ia longe, a não ser na sorte. Disputa de pênaltes foi sorte,
contra o Chile. Contra a Colômbia jogamos bem. Mas não merecia ser campeão,
de jeito algum. Se fosse, eu diria que foi comprada a Copa.
Mas
vieram times que golearam e ganharam. França, Holanda e Alemanha.
Esses três deveriam ser os melhores. Provaram isso. E a filosofia
alemã foi a melhor. Eles se recuperaram de 2002 e depois disso
vieram com tudo. Usaram da experiência de um Marx, de um Kant, de um
Hegel, de tantos pensadores alemães, de vida e de seriedade.
Respeitaram nosso time. Poderia ter feito mais de 10 gols se
desejassem. Foi mais uma lição de vida, de superação. Isso
podemos ver na China nas Olimpíadas, dos EUA e assim vai. É
investimento e cultura. Não se trata de culpar um time, mas sim de
ver a estrutura. Uma nova era tem de vir, restaurando o futebol arte.
E realmente se investindo no esporte, e não apenas deixando que
jogadores se vendam a estrangeiros. Isso envolve uma ética, e um
comportamento. Não vemos ainda no Brasil esse comportamento, nem a
seriedade em muitas coisas. O futebol e o 7 a 1 foi apenas um reflexo
dessa crise ética.