quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Paulistão acabou!

Por João Ricardo Cozac*
Amigos, o campeonato paulista de futebol virou uma grande brincadeira. Times incompletos, desinteressados, jogos chatos e de baixíssimo nível técnico. Resultado: arquibancadas vazias e a crescente expectativa para o início da Libertadores e do Campeonato Brasileiro.
A verdade é que o Paulistão virou um grande "torneio início". Não há mais aquele glamour de antigamente quando as equipes lutavam bravamente pela conquista deste campeonato. O interesse do público era bem maior e os times do interior não eram criados a toque de caixa na tentativa desesperada de vender um ou dois jogadores para pagar o investimento ao término do evento.
Nostalgia à parte, me recordo de alguns jogos que lotavam os estádios e que, atualmente, não preencheriam nem dez por cento da lotação das praças esportivas.
Santos x São Bento, São Paulo x Comercial de Ribeirão Preto, Corinthians x Ferroviária de Araraquara, Palmeiras x XV de Jaú, Bragantino x Novorizontino, XV de Piracicaba x Inter de Limeira, São José x Taubaté (este parava o Vale do Paraíba!). Ô tempo bom, sô!
Os times se preparavam com alguma antecedência e os torcedores aguardavam o início dos jogos com grande expectativa.
Atualmente, os treinadores utilizam o Paulistão apenas para conhecer o grupo de trabalho. Virou um campo de testes dos mais chatos e entediantes possível. A televisão bem que tenta fazer um barulho, mas o povo conhece o futebol e sabe que não se pode esperar grandes emoções e espetáculos nestas partidas iniciais.
Saudades do Corinthians de 77, do Palmeiras de Leivinha, César e Ademir da Guia, do São Paulo da era Telê, dos meninos da Vila Belmiro e da Lusa de Enéas e Dener. Ter de se contentar com este pool de dirigentes do interior que montam tendas improvisadas e contratam promessas esquecidas nos grandes centros para compor o quadro de atletas é jogo duro. Pior: os times de tradição, ainda frágeis técnica e fisicamente, sucumbem diante destas engenhocas que não sobrevivem muito tempo à frente da tabela. São tantos os "cavalos paraguaios" que seria possível montar uma rede de apostas nos azarões.
No final, azarados mesmos somos nós, amantes do futebol, que temos de nos contentar com o término do brilho e da alegria de um dos torneios mais charmosos do passado paulista.
Tomara que este quadro possa ser alterado nas próximas gestões da Federação Paulista de Futebol - o que, pessoalmente, não creio que possa ocorrer.
O grande desafio é ficar acordado às 4as feiras depois da novela para assistir as peladas dos comerciais de cerveja nos intervalos dos jogos entre casados e solteiros. E o que dizer da rodada aos domingos que termina às 9 e meia da noite. E a nossa pizza? E a escola dos filhos? E a sogra?
Amigos, o Paulistão me faz lembrar aquele ditado machista - que não deixa de ter sentido neste caso: "Não existe mulher feia. Você é quem bebeu pouco". Vou tomar umas. Aliás, várias!
*Psicólogo do Esporte